Tuesday, July 21, 2015

O rei vai nu e ninguém diz

Discordo destas análises filosóficas sobre as esquerdas e as extremas direitas que não chegam ao âmago da questão financeira que nos sufoca a todos e arrasa outros tantos.

Se examinarmos bem a auditoria da dívida Grega, se olharmos para o que se tem passado em Portugal, o problema é nua e cruamente este:

  • os bancos privados emprestam para além das suas capacidades de manter liquidez - porque o lucro ds juros é demasiado atrativo para os ricaços que recebem salários obcenos
  • os bancos privados pedem liquidez aos bancos nacionais, aos bancos internacionais ao ponto de porem seriamete em risco a sua capacidade de manter liquidez; 
... e aqui começa o ciclo vicioso que nada tem a ver com esquerdas ou extremas direitas; esses são apenas sintomas e oportunismos populistas de um problema mais grave - a falta de sustentabilidade das práticas financeiras dos bancos privados;
  • como os bancos privados não têm liquidez, os bancos internacionais emprestam mas com o aval dos bancos centrais dos países - porque os lucros dos juros são muito atrativos e os gestores desses bancos todos não têm coragem de dizer - há aqui uma corrupção, uma falência do sistema financeiro
E o ciclo repete-se, mas como? Se não há liquidez, como pode o ciclo repetir-se? Como conseguem os bancos privados obter crédito? E porque aceitam os bancos internacionais continuar a conceder crédito? Será que há um credor de último recurso por trás disto tudo?

E a resposta é - Há sim! O povo, o contribuinte, é quem vai pagar por isto tudo! É este o ciclo fechado que a brasileira desmontou, é o segredo que todos sabem. No fim, não se preocupem porque nós, os tais supra-bancos internacionais de último recurso (que sufisma) temos a capacidade de fazer com que o povo pague!

E aqui entram todos os revoltados - das esquerdas, das direitas, extremistas ou não, mas que no fundo são os únicos que gritam - O REI VAI NU!

O resto, os FMI, os BCE, os BMs, os Tusks, são apenas peças deste mecanismo que tem de acabar. O novo sistema, o sistema sensato e sustentável é - Não tem capacidade de restituir? Não emprestamos! Ponto final.
 
As esquerdas e as extremas disto ou daquilo bem como todos os demais são oportunistas sobre quem os jornalistas gostam de fazer prognósticos porque é muito mais "giro" descrever um movimento político do que um simples mau funcionamento técnico de um sistema financeiro que está mais que documetado nos livros de finaças e economia.
 
O problema é básico! É técnico! É de incompetência ou malícia básica! Ou de desavergonhada exploração do homem pelo homem!
 
E já agora, porque será que o Schäuble e a Merkel andam tão amofinados? Talvez porque já perceberam que o sistema bateu no fundo, como no caso específico da Grécia, onde eles sabem melhor que nós, que o tal "credor de último recurso, o povo, ESTÁ FALIDO!" E assim não há mais agentes, para além desses, que lhes valham. E se a maleita continua e não é travada, teremos uma derrocada mundial criada e perpetuada por gente que se esqueceu das normas mais básicas das finanças das pessoas, dos bancos e dos países!

Mas a culpa não é dos Gregos. Chamemos os bois pelos nomes. A culpa é dos partidos que ainda lá estão a funcionar pelos corredores das influências e que durante anos, décadas, só abusaram e tiraram partido pessoal do sistema financeiro. Cá em casa, a culpa é dos nossos partidos (os da destruição das capacidades produtivas de Portugal, e o encosto a fundos europeus que foram desbartados e enriqueceram muitos) e outros que tais...
 
No fim, a corrupção do sistema está no despudor com que se criou o credor de último recurso para os bancos sem escrúpulos."O povo que é quem paga" abrindo as portas a movimentos populistas, a extremismos e a falsas soluções. Mas esses não são mais do que sintomas de um sistema falido e corrupto onde entram bancos nacionais e internacionais que, até à data, só têm perpetuado e beneficiado com a silenciosa nudez do rei.

Friday, July 10, 2015

Da esquerda ou pela dignidade humana?

Nestas alturas em que as esquerdas e as direitas se declaram mais e melhores do que os outros, vale a pena fazer uma pequena avaliação do que começou a ser chamado das direitas e o que começou a ser chamado das esquerdas em matéria de partidos políticos.
    
Os das direitas eram os financeiros, os industriais, os que defendiam o poder do capital, os donos das terras, os que usavam as pessoas como peças da máquina economico-financeira, os Espirito Santos, os que apoiavam as leis do trickle-down economics do Reagan e da Thatcher, os ditadores, e muitos outros. Estes pertenciam e entitulavam-se da direita, e ainda o são! Não nos esqueçamos!
   
Os das esquerdas eram os comunistas, os socialistas, os anarquistas, os filósofos, os hippies, os movimentos de estudantes, os verdes, os que se revoltavam contra as indignidades praticadas contra o ser humano, os do outro lado, os que se puseram por trás das barricadas, os da Primavera Árabe e outros movimentos, os que acreditavam que o povo deve ser tratado como seres humanos e com dignidade. Sobre esses foi caindo o nome das esquerdas, e ainda o são! Não nos esqueçamos!
   
Para os amarfanhar os das direitas começaram a chamar os outros os das esquerdas. A esquerda sempre tem sido, ao longo da história, o lado do demónio, o lado sinistro. Não era bom ser canhoto. E aplicar uma etiqueta de esquerdas pelos das direitas não foi inocente e até deu muito jeito. E ainda dá muito jeito! Não nos esqueçamos!
   
Acho que chegou a hora de chamar os partidos das direitas aquilo que eles são, os que usam o povo como máquina de produção, e começarmos a chamar os partidos das esquerdas aquilo que eles realmente são, os defensores da dignidade humana. Deixando de lado o bom e o mau que cada um dos lados pode ter sido, tem sido e pode ser, esta é a essência dos dois lados da moeda política que tem sido atirada ao ar vezes sem conta.
    
Vamos deixar de fazer lavagens cosméticas às esquerdas e às direitas. Vamos deixar de as colorir como se fossem camisolas de clubes desportivos. Vamos deixar de aplicar etiquetas e nomes giros, ou não tão giros, e que nada são mais mais do que conveniências para uns e pseudónimos mal aplicados para outros. Como se diz no Ribatejo, vamos chamar os bois pelos nomes.
    
Vamos voltar à essência porque é muito importante não nos deixarmos distrair e muito menos iludir.