Quando se chega à
fronteira de entrada neste país que é o nosso destino e onde se fala a nossa
língua há um funcionário dos serviços de fronteira que escreve a matrícula do
carro e o número de passageiros noutro papelinho, semelhante ao do outro lado, que
nos entrega sem dizer para que serve. A uns metros desse funcionário há um
grupo de homens, sem farda, mas com uma plaqueta de identificação pendurada ao
pescoço. Mandam parar o carro e pedem pelo papelinho que o funcionário nos
acabou de dar, e indica-nos para seguir um deles. Não é possível ler o que está
escrito nas plaquetas de identificação pois que todas estão viradas com o lado
em branco para fora. Notei e não gostei da coincidência.
Quando perguntamos
quem são então nos dizem que são agentes independentes, despachantes, que furam
a fila e passam com os nossos passaportes pelo processamento em que naquele
momento entrava uma fila de dezenas de outros cidadãos que escolheram não usar
os serviços de um destes despachantes. Tudo isto em troca de uns Meticais.
Antes de sair da
zona de fronteira e seguir viagem é necessário comprar seguro contra terceiros
para o país de destino. Há várias empresas com quiosques dentro da zona de
fronteira. Concessões concedidas a alguns sob um processo de contratação que me
é desconhecido.
Foi num destes
quiosques que comprámos o nosso seguro contra terceiros e onde por fim aceitámos
os serviços de um dos despachantes que também era empregado da agência de
seguros. Não por confiarmos no sistema mas porque a fila era realmente longa,
estávamos cansados da viagem e porque confiámos no facto que o despachante
indicado tinha o aval do agente da empresa seguradora cujo nome nos era
familiar.
Em troca de 100 Meticais esse
agente passou pelo controle de passaportes, preencheu um formulário de entrada
do carro que já estava pré-carimbado e assinado pela alfândega, e atraiu um agente
alfandegário para a vistoria do carro e a assinatura final no papelucho que nos
iria permitir sair da zona de fronteira e seguir o nosso caminho.
É preciso levantar dinheiro no Multibanco
para pagar em Meticais as portagens.
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