Wednesday, May 8, 2013

Aviso aos navegantes I


Quando a estrada aberta deixa de ter quatro pistas e passa para apenas uma pista em cada direção por causa das obras frequentes e sem fim, há placas de sinalização a indicar a redução da velocidade máxima. Rapidamente se passa de 120km/h para 100km/h, depois para 80, acabando nos 60 km/h. Tudo isto acontece no curto espaço de estrada que é marginalmente suficiente para cumprir a lei pelo uso consciente e incisivo dos travões do carro. Será para isto que inventaram os travões de disco? 
Ao longo da zona em obras há grupos de homens vestidos de macacões cor de laranja, ou envergando coletes de um amarelo luminescente. Na grande maioria dos casos esses homens encontram-se sentados na berma da estrada, sem ocupação visível, como que à espera de alguém que lhes venha indicar a tarefa seguinte. Não vi ferramentas nas proximidades desses homens.
Alguns, poucos, trabalhavam acocorados no pavimento da pista em obras, sob o calor inclemente do sol de África, com pequenas ferramentas de tipo ligeiro, quase caseiro, como que a esfregar cada pedrinha com uma escova dos dentes.
A pouca distância da última placa de limite de velocidade há quase sempre um grupo de homens ocupados junto aos pilões de plástico que separam a pista de circulação da pista em obras.
Esse grupo, indistinguível dos outros grupos, é da polícia de estrada e está munido de aparelhos de deteção da velocidade dos carros que passam. Não está na realidade a tentar controlar e impor a velocidade máxima. Para isso estariam bem visíveis. Estão na caça à multa. Oficialmente.
Fomos parados por um desses grupos da polícia. Disse-nos o agente da polícia que se dirigiu ao nosso carro que íamos a 87km/h numa zona de velocidade máxima de 60km/h. Não tive argumento, apenas que pensava estar a cumprir a lei e que ia num grupo de outros carros e todos íamos à mesma velocidade.
O agente informou-nos que teria de nos passar uma multa de SAR 750. Ao que eu respondi que me passasse então a multa. Mas o homem continuou a dizer que para me passar a multa com recibo teria de o fazer na esquadra que se situava lá por trás de umas colinas para onde ele apontou, a uns 50 km de distância, e que teria de esperar a escolta do carro da polícia. E que não tinha previsão para quando o tal carro iria passar por ali de novo.
Nessa altura sugeriu que me poderia deixar seguir se eu pagasse ali mas sem recibo. Acabámos por fechar negócio aos SAR 400. E seguimos viagem indignados.
Um amigo nosso confirmou mais tarde que tínhamos atuado bem e que se fossemos mandados parar de novo deveríamos repetir o processo. Esse amigo também nos disse que quando o polícia mete a mão dentro da janela do carro é sinal que está a pedir resgate, comissão, chamem o que quiserem, essa posição de mãos indica que estão abertos à corrupção.

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