Quando a estrada
aberta deixa de ter quatro pistas e passa para apenas uma pista em cada direção
por causa das obras frequentes e sem fim, há placas de sinalização a indicar a
redução da velocidade máxima. Rapidamente se passa de 120km/h para 100km/h,
depois para 80, acabando nos 60 km/h. Tudo isto acontece no curto espaço de
estrada que é marginalmente suficiente para cumprir a lei pelo uso consciente e
incisivo dos travões do carro. Será para isto que inventaram os travões de
disco?
Ao longo da zona
em obras há grupos de homens vestidos de macacões cor de laranja, ou envergando
coletes de um amarelo luminescente. Na grande maioria dos casos esses homens
encontram-se sentados na berma da estrada, sem ocupação visível, como que à
espera de alguém que lhes venha indicar a tarefa seguinte. Não vi ferramentas
nas proximidades desses homens.
Alguns, poucos,
trabalhavam acocorados no pavimento da pista em obras, sob o calor inclemente do
sol de África, com pequenas ferramentas de tipo ligeiro, quase caseiro, como
que a esfregar cada pedrinha com uma escova dos dentes.
A pouca distância
da última placa de limite de velocidade há quase sempre um grupo de homens
ocupados junto aos pilões de plástico que separam a pista de circulação da pista
em obras.
Esse grupo,
indistinguível dos outros grupos, é da polícia de estrada e está munido de
aparelhos de deteção da velocidade dos carros que passam. Não está na realidade
a tentar controlar e impor a velocidade máxima. Para isso estariam bem visíveis.
Estão na caça à multa. Oficialmente.
Fomos parados por
um desses grupos da polícia. Disse-nos o agente da polícia que se dirigiu ao
nosso carro que íamos a 87km/h numa zona de velocidade máxima de 60km/h. Não
tive argumento, apenas que pensava estar a cumprir a lei e que ia num grupo de outros
carros e todos íamos à mesma velocidade.
O agente
informou-nos que teria de nos passar uma multa de SAR 750. Ao que eu respondi
que me passasse então a multa. Mas o homem continuou a dizer que para me passar
a multa com recibo teria de o fazer na esquadra que se situava lá por trás de
umas colinas para onde ele apontou, a uns 50 km de distância, e que teria de
esperar a escolta do carro da polícia. E que não tinha previsão para quando o
tal carro iria passar por ali de novo.
Nessa altura
sugeriu que me poderia deixar seguir se eu pagasse ali mas sem recibo. Acabámos
por fechar negócio aos SAR 400. E seguimos viagem indignados.
Um amigo nosso confirmou
mais tarde que tínhamos atuado bem e que se fossemos mandados parar de novo deveríamos
repetir o processo. Esse amigo também nos disse que quando o polícia mete a mão
dentro da janela do carro é sinal que está a pedir resgate, comissão, chamem o
que quiserem, essa posição de mãos indica que estão abertos à corrupção.
Refresco sul africano é SparLetta
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