Quando se chega à
fronteira os serviços são de um primitivismo e uma ineficiência impensável no
século XXI.
À entrada da zona
do posto de fronteira um funcionário entrega-nos um papel de uns 10cm por 20cm
onde ele acabou de escrever o número de matrícula do carro e o número de
passageiros sem nos dizer para que serve. Estacionámos o carro onde havia
lugar. Neste posto de fronteira pode-se deixar o carro sem receio de assaltos.
Prossegue-se para
uma fila única que no nosso caso já se estendia pelo passeio ao sol. Depois de
esperarmos em fila algum tempo entrámos no edifício. À porta há um painel
descrevendo a sequência – “customs first”, alfândega primeiro e depois controle
de passaportes. No guiché de alfândega uma funcionária conta folhinhas enquanto
vai carimbando outras como a nossa quase sem olhar para a folhinha ou para o
portador.
Do lado das
partidas há muitos passageiros e poucos funcionários. Do lado das chegadas
acontece exatamente o contrário.
O balcão das
partidas, situado por trás de vidros e armações de ferro pintado, dá de costas
para o balcão que serve as chegadas. Os funcionários ocupam o espaço entre os
dois balcões. Nas nossa fila, a das partidas, há uma progressão lentamente
dolorosa. Há vários guichés sem funcionários. Os passaportes são inseridos em
leitores eletrónicos com uma regularidade lenta, carimbados e rubricados.
Por algum motivo
que não compreendemos há mais funcionários nos guichés das chegadas e muito
menos viajantes do que no nosso lado, o das partidas. É possível que as
entradas neste país mereçam mais atenção e mais cabeças a pensar porque de vez
em quando alguns funcionários do nosso lado, das partidas, viram-se para
conferenciar com os colegas do lado das chegadas sobre algum caso mais bicudo.
A ineficiência,
apesar do sistema digitalizado de leitura de passaportes, é palpável. O
papelinho que a funcionária de alfândega carimbou é agora carimbado mais uma
vez. Os nossos passaportes são-nos devolvidos e estamos prontos para sair a
caminho da outra fronteira, a de entrada no país de destino. O papelucho é por
fim entregue a um funcionário do posto de fronteira e achamo-nos em terra de
ninguém.
Aqui não há confusões
de revistas a carros, não há despachantes a oferecer serviços mais acelerados,
não há trocas escuras de divisas, não há corrupção aparente nem parece haver oportunidades
para que esta se estabeleça.
A bomba de
gasolina que nos disseram haver aqui já não existe. O calor era muito mas não
demasiado. O sol africano parecia estar a poupar-nos.
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