Zanzibar deve ser a ilha que o Camões decreve no famoso Canto IX d'Os Lusíadas, aquele Canto que nenhum professor se atrevia a estudar connosco. Feitios...
Esta ilha tem uma população predominantemente islâmica, estatística que os locais têm o orgulho de comunicar a todos os que chegam de visita. Na mesma frase, sem perderem a respiração, também nos informam que desde sempre todos viveram e vivem em paz e respeito mútuo. Confesso que foi o que vi e senti enquanto lá estivemos.
Em Zanzibar as mulheres dedicam-se muito à cultura de algas. Cultivam-nas nas praias do lado do Índico. Apenas dois tipos de alga servem. A cultura é feita amarrando algas a cordéis seguros a pequenos postes de madeira para resistirem à ação das ondas e das marés. Crescem durante umas semanas. Quando atingem o tamanho ideal são colhidas, secas e vendidas a intermediários que as vendem à indústria de cosméticos. A maior parte da colheita vem para a Europa.
A tarefa de manutenção das culturas de algas é feita enquanto a maré está baixa. Quando a maré começa a subir as mulheres regressam a casa para tratarem da colheita do dia e de todas as outras tarefas que ocupam a vida da mulher africana. Tarefas essas que são mais que muitas.
Têm um andar elegante mas determinado apesar de carregarem sacos de algas à cabeça. Andam com um passo mais curto e mais apressado do que vi em outras paragens de África. Quando andam, as capulanas, que em Swahili se chamam khangas (ou kangas) dançam à volta dos tornozelos fazendo ondas e pregas. A leveza destas danças dá-lhes um certo ar de sofisticação. Não sei como explicar. Só vendo, realmente.
Estas khangas (eu gosto do "h" na palavra, dá-lhes um certo ar estrangeiro) são de tecido mais leve do que vemos por exemplo no sul de Moçambique. Não é de admirar. Aqui estamos apenas a 5º do Equador. O Sol passa por aqui duas vezes por ano no seu percurso.
Os homens não gostam da cultura de algas. Precisam de esperar (umas semanas) até que cresçam. Preferem a pesca que tem uma recompensa mais imediata.
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