Pode ser um centro social, pode ser um centro de saúde, pode até ser uma habitação para uma família alargada. A ideia é baseada nas estruturas locais, as mais simples,lições aprendidas com os povos que conhecem as suas terras, o seu clima, as suas necessidades. Pode-se até começar com uma palhota só (uma unidade) e ir alargando conforme as necessidades.
Então aqui vai a ideia em passos simplificados:
1. Todos conhecem a palhota típica, umas melhores, outras nem tanto:
2. Mas desta vez vamos preparar o terreno para construir várias palhotas, juntinhas umas às outras, fazendo um plano simples com círculos. Cada palhota (unidade), terá um espaço já previsto junto à anterior como indicam as linhas sólidas.
3. Vamos adicionando unidades (palhotas) usando os círculos desenhados, e à medida que forem preciso. Todas logo no início, ou conforme precisamos.
As linhas sólidas equivalem a paredes, enquanto as linhas tracejadas representam os tais círculos necessários para fazer o plano inicial.
4. Na união das coberturas é preciso evitar que a água da chuva se acumule e se acabe infiltrando no interior da habitação.
5. À medida que se vão adicionando unidades, vai-se formando no centro uma área comum, enquanto as unidades individuais vão formando espaços com certa privacidade que pode ser incrementada com umas cortinas simples, ou até portas, se for preciso.
6. Note-se que esta última unidade é um pouco diferente. Tem acesso virado para fora da área comum. Pode ser uma áre de recepção ou até uma área sanitária, uma vez que é mais separada.
7. Agora precisamos de fechar e cobrir esta área comum para termos proteção do sol, do calor e da chuva, mas permitindo que o espaço todo possa respirar com as brisas predominantes ou a brisa da noite. Queremos uma cobertura talvez como esta da figura:
8. Para isso temos de adicionar alguns postes para segurar a cobertura de cima. Na figura, os círculos vermelhos indicam os postes usados inicialmente para cada unidade. Os círculos em azul indicam os postes que têm de ser adicionados para suportar a cobertura principal, reforçando o que já tenha sido construido. A pequena parede à entrada pode servir de apoio a uma porta que permita fechar, para segurança, o recinto todo.
9. A cobertura superior vai suplementar as coberturas iniciais. E uma cúpula pode ser adicionada para permitir maior circulação do ar quente (saindo por cima).
O modelo é simples e não tem dimensões. Foi de propósito. Os mestres locais sabem mais disso do que eu. As ideias básicas que me levaram a esta ideia são:
- Usar os métodos e os materiais locais, neste caso, muito caniço, capim, e paus ou postes de eucalipto, por exemplo, embora eu prefira o bambu, que é um material não muito usado, mas que pode ser introduzido, tenha muitas vantagens sobre o eucalipto que é demasiado invasivo.
- Proporcionar um espaço dividido em áreas com alguma privacidade, quer para centros sociais ou de saúde, quer para habitações para famílias alargadas, proporcionando a segurança que não existe em aglomerados dispersos de palhotas.
- Ventilação, muita, quanto mais melhor. Neste caso, nas unidades podem-se abrir "janelas" ou aberturas protegidas com grades de bambu, nos locais indicados pelos círculos azuis na figura abaixo.
Esta minha ideia é agora do domínio público, desde que não seja usada para fins lucrativos.
Estou disponível para cooperar e participar.
'nando
Este modelo foi feito em cima da mesa da sala, com cartolina da minha neta, e canetas minhas...
ReplyDeleteFoi uma tarde deliciosa...
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ReplyDeleteOlá boa noite Nando, passei por aqui porque conheci hoje a página TheBigHand no facebook.
ReplyDeleteGostava de comentar a sua ideia, se me permite.
Sou arquitecto, e de alguma forma tenho especial interesse em sistemas construtivos tradicionais (http://www.facebook.com/OficinaIntegrada) embora não seja muito conhecedor dos sistemas africanos.
A sua ideia é muito interessante, até do ponto de vista arquitetónico. Contudo identifico dois problemas construtivos que podem inviabilizar a sua ideia. Ambos se relacionam com a chuva.
Um deles já o Nando identificou também no ponto 4 - a união das coberturas - eu não consigo imaginar uma solução acessível no contexto em que pretende executar a obra que garanta a estanquidade destas uniões. O colmo não permite que a água escorra perpendicularmente às fibras, pelo que a água não correrá ao longo da linha de união das coberturas, como aconteceria num telhado convencional. Acabará sempre por acumular e infiltrar.
Aqui no Algarve, perto de onde vivo, também existem coberturas circulares em colmo ou centeio, utilizadas para protecção de antigos palheiros circulares, realizados em alvenaria de pedra. Nunca encontrei duas coberturas destas a intercetar-se. O Nando já observou algum caso desses em África?
Uma vez que me pereceu-me ser uma construção faseada, o outro problema será a acumulação de água da chuva no pátio central, até a construção da cobertura final. Esta acumulação poderá alagar os espaços interiores de cada palhota.
Provavelmente o Nando já pensou na solução deste problemas, contudo por gostar da sua ideia eu não quis deixar comentar na tentativa de ajudar a sua viabilidade.
Cumprimentos,
José Lima Ferreira
(http://facebook.com/jose.lima.ferreira)
Bom dia José Lima,
ReplyDeleteObrigado pelos seu comentários.
Ainda não descobri solução para nenhum desses problemas. Assim como não vi em África coberturas de capim a intersectarem.
Mesmo assim, prossegui com a ideia, tentando explorar modos de melhorar a palhota tradicional.
Não sei se viu "a outra ideia" aqui no meu blogue. Cada edificação é separada, e uma cobertura mais abrangente é construida.
Talvez as palhotas possam ser adicionadas assim. Sem se tocarem. Talvez até seja essa a melhor ideia uma vez que em Moçambique, devido ao clima, a vida se faça muito lá fora, à sombra de qualquer coisa (árvore quando há).
Mas, se esta ideia, como diz, com problemas de execução puder gerar outras melhores... missão cumprida.
Cumprimentos,
'nando
p.s. Vou espreitr o seu facebook.