As elites políticas têm medo do povo, sejam elas do Partido
Comunista, Bloco de Esquerda, Partido Socialista, Partido Social
Democrata, ou CDS/PP. E quem tem medo do povo governa sempre contra o
povo, na medida em que não responsabiliza de facto o povo, por
um lado, e por outro lado aproveitam-se dessa desresponsabilização do
povo para se desresponsabilizarem a si mesmos. As elites políticas
recusam a ideia de uma política de responsabilização do povo, para que
elas próprias não tenham que ser responsabilizadas política, moral ou
mesmo criminalmente pelas sua acções.
em perspectivas.
...
e aprofundando um pouco mais, usando uma lupa talvez, vemos que o povo
tem medo do povo. Desconfia do povo e não se junta a si próprio para ser
povo.
... agora, com uma lupa mais forte, vemos então que o povo daquela freguesia não confia no povo dessa freguesia, e muito menos no povo da freguesia ao lado, de quem depende, e a quem presta serviços.
... usando agora umas lentes ainda mais fortes, vemos que o povo que vive naquela rua ensolarada desconfia do outro povo que também vive na mesma rua. Não partilha em nada. A rua é dele, esse povo é dono dessa rua, mas ele não confia nos outros donos da rua, e por isso não se juntam para, com a força toda do povo, serem donos a valer dessa rua.
... e na escola do bairro os alunos não confiam nos professores, e os professores têm medo.
... no Centro de Saúde os pacientes não confiam nos médicos, e vice versa.
... no Registo Civil o utente tem medo e não confia no funcionário, e vice versa.
É assim este povo.
... de grupo em grupo, de profissão em profissão, de freguesia em freguesia, de pais para filhos, embrulha-se numa cultura de medo, que cultiva a desconfiança, que cultiva a arrogância que a nenhum fim saudável nos leva.
... e então, com esse medo, o povo vota naqueles de quem tem medo. E esses têm medo de quem vota neles.
Este povo tem medo de mudar aquilo que é preciso mudar para poder ser um povo em toda a sua pujança.
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