Não quero
trazer tristezas a ninguém, mas estas fotos fazem-me pensar.
Pensar nos homens cujo suor lhes encharcou as faces na construção destes muros sem fim. No
carregar das pedras e no talhar das mesmas. Gente humilde, com boas mãos,
artistas todos eles, que nunca ficariam na história.
Depois faz-me pensar nos que, de fardas à europeia, feitas com
tecidos bons mas para o clima europeu, fizeram faxina e de sentinela nestas
muralhas.
Quantas fomes passaram e quantas noites tentaram dormir nestas
camaratas quentes como fornos de cal, onde os mosquitos se escondiam para à
noite fazerem o seu festim e não deixarem dormir aqueles que daí a horas teriam
de entrar de novo, pela infinita vez, de sentinela.
Ou voltariam ao malho para talhar mais pedra. Aquela pedra
infinitamente repetitiva.
Mais uma noite abafada, sem uma aragem sequer. Nem o mar se deixava
ouvir, tal era o ruído infernal que o silêncio da noite fazia.
Quantos homens passavam as horas de sentinela a devanear sobre
aquela nau ou mais tarde aquele não menos nauseabundo e fumegante navio a vapor
que os trouxesse de novo á terra de onde tinham saído apenas porque lá não
havia emprego.
Mas mesmo se nunca voltassem, por uma razão ou outra, os seus
nomes ficariam para sempre enterrados naquelas pedras.
Enterrados vezes incontáveis pelos brados sufocantes dos
capatazes e pelos estalos dos chicotes que não paravam de se despenharem sobre
estes homens.
Homens para sempre sem nome porque esses nomes acabavam por se
despegarem dos seus corpos para sempre incógnitos.
Esses homens, sim. Esses foram os homens que nos deram este
património da foto e que me fez pensar.
Pensamentos sobre uma foto no facebook
quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013
No comments:
Post a Comment