Além dos apertos em que nos querem meter. Além das usurpações que querem
fazer a tudo o que temos angariado e que foi producto do nosso esforço, trabalho e
sacrifícios, ao longo das nossas vidas de trabalho, tenho pensado em todos nós, os reformados, em
termos mais globais.
Nós os reformados, os aposentados, cheios
de conhecimentos e experiências profissionais bem como de vida,
fomos agora encostados ao "box" porque o sistema que foi instituído e que servimos já não precisa de nós. Passámos de productivos a tropeços.
Sei que
este sentimento de afastamento do main stream, este sentimento de já
não ser preciso, não é só da nossa sociedade lusa. É global! E já não
faz sentido! Por todos os motivos e mais um.
Sinto que
precisamos de nos juntar, formar um think tank ou um groupo de
trabalho, dentro do APRe! ou fora, para pensarmos no que deve ser aquilo que
comecei a chamar de reformados productivos.
Sei que muitos
de nós nos mantemos activos e úteis. O voluntariado ganhou muito
connosco. Mas acho que precisamos de mais qualquer coisa. Precisamos de
continuar como participantes activos e productivos, e até remunerados,
na sociedade de hoje. Por todos os motivos e mais um.
Precisamos de começar a pensar em como queremos viver o resto das nossas
vidas úteis e precisamos de mudar o sistema. Precisamos de mudar as
regras do jogo. Falo por mim. Quero fazer parte do mundo productivo que
acabou por me encostar aos boxes. Assim como quero ter a possibilidade
de gozar do fruto do meu esforço, a minha reforma, essa que todos agora
querem usurpar.
Quero que este mundo adote uma vertente muito
mais humana do que a de me relegar a uns trabalhinhos de avô, ou de
formador voluntário dando umas aulas numa Universidade Sénior, ou
arrumando umas caixas de alimentos durante as coletas do Banco
Alimentar. Nada tenho contra estas iniciativas todas, nas quais
participo com ganas. Mas não chega!
Sempre fui um profissional
que trabalhou com dignidade e afinco e quero continuar a poder sê-lo!
Não quero ficar enconstado aos "boxes" a ver passar o mundo ao abrigo de
um sistema que não me quer proteger mais. Chega!
Como será óbvio, esta vai sem acordo ortográfico.
Sunday, February 24, 2013
Thursday, February 21, 2013
Uma foto que me fez pensar
Não quero
trazer tristezas a ninguém, mas estas fotos fazem-me pensar.
Pensar nos homens cujo suor lhes encharcou as faces na construção destes muros sem fim. No
carregar das pedras e no talhar das mesmas. Gente humilde, com boas mãos,
artistas todos eles, que nunca ficariam na história.
Depois faz-me pensar nos que, de fardas à europeia, feitas com
tecidos bons mas para o clima europeu, fizeram faxina e de sentinela nestas
muralhas.
Quantas fomes passaram e quantas noites tentaram dormir nestas
camaratas quentes como fornos de cal, onde os mosquitos se escondiam para à
noite fazerem o seu festim e não deixarem dormir aqueles que daí a horas teriam
de entrar de novo, pela infinita vez, de sentinela.
Ou voltariam ao malho para talhar mais pedra. Aquela pedra
infinitamente repetitiva.
Mais uma noite abafada, sem uma aragem sequer. Nem o mar se deixava
ouvir, tal era o ruído infernal que o silêncio da noite fazia.
Quantos homens passavam as horas de sentinela a devanear sobre
aquela nau ou mais tarde aquele não menos nauseabundo e fumegante navio a vapor
que os trouxesse de novo á terra de onde tinham saído apenas porque lá não
havia emprego.
Mas mesmo se nunca voltassem, por uma razão ou outra, os seus
nomes ficariam para sempre enterrados naquelas pedras.
Enterrados vezes incontáveis pelos brados sufocantes dos
capatazes e pelos estalos dos chicotes que não paravam de se despenharem sobre
estes homens.
Homens para sempre sem nome porque esses nomes acabavam por se
despegarem dos seus corpos para sempre incógnitos.
Esses homens, sim. Esses foram os homens que nos deram este
património da foto e que me fez pensar.
Pensamentos sobre uma foto no facebook
quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013
Subscribe to:
Posts (Atom)