Perguntaram-me:
O que é o amor?
Sinceramente,
não sei se sei
o que é o amor.
Sei que é uma coisa
sem definição,
que esperam de mim,
que eu dê aos outros,
que eu busque nos outros,
mas não sei bem como.
Mas sei onde se aprende.
Isso eu sei!
Só não sei se é isso
que eu aprendi,
ou se eu
não estava atento à lição.
Aprende-se o amor
na violência
das cenas de cinema,
na mesquinhice
dos diálogos apaixonados na TV,
nas fantasias
dos romances amorosos,
nos bonecos
das bandas desenhadas.
Aprende-se o amor
dos pais ausentes,
da falta de colo,
em ter de ser forte
quando a idade
não nos permitia.
Também se aprende o amor
nos beijos dos namorados
nos bancos dos jardins,
nas basófias dos colegas,
na indiferença dos professores,
nas caras sérias dos amigos,
nas amarguras das vizinhas.
E aprende-se o amor
na fisionomia fechada
da nossa tia na aldeia,
na indiferença do pai
que nunca abraçou a mãe,
nas infidelidades do tio,
homem muito respeitado,
nas aventuras dos primos.
Aprende-se o amor
na falta de abraços
entre familiares,
na falta de beijos
fora das camas,
na falta de carinho
em tempos de tristeza,
nas críticas
aos que tropeçavam.
O amor aprende-se assim,
observando os outros,
os amigos,
os familiares,
os professores,
as autoridades,
os governantes,
que afinal também não sabem
o que é o amor.
E assim,
sem saber o que é o amor,
tentamos aprender dos livros,
e a ensinar esse sentimento
que deve ser muito belo,
que faz girar o mundo,
mas, pelo que vejo,
ninguém sabe o que é
e todos por ele anseiam.
E agora,
na realidade,
o que é o amor?
Ainda não sei se sei,
ou se alguém mais
saberá o que é!
ou se alguém mais
saberá o que é!
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